Pecuária Sustentável: Conheça as tendências globais na...
11 de October de 2023Confira os detalhes na entrevista com o zootecnista Rodrigo Gennari consultor e líder...
3 de November de 2023Se você é um apaixonado pela pecuária de corte no Brasil já deve ter...
3 de November de 2023No dia 19 de dezembro de 2023, o professor Antônio Ferriani Branco ministrou a 6° Masterclass com tema “Avanço na nutrição de bovinos de corte”. Logo no início, a premissa de se produzir mais com menos veio à tona. O professor indaga sobre o nosso ponto de partida e quais são nossos objetivos. Contudo, ressalta que cada propriedade é única e a análise de resultados e metas é individual. Porém, deve-se atentar aos números, dados e informações que são fundamentais na hora de realizar um planejamento eficiente de nutrição.
Os sistemas de produção de gado de corte são realmente complexos, dinâmicos e ao mesmo tempo sensíveis. Seus desafios consistem em melhorar a eficiência, qualidade e velocidade, e diminuir custo pensando em sustentabilidade. Uma das formas de se conseguir esses resultados é definir uma boa base nutricional, fornecendo forragem e água de qualidade. Existe uma sequência de elementos que constitui a nutrição do ruminante, onde cada um tem sua importância, mas tem seu momento certo de fornecimento.
Diante disso, o manejo do pasto passa a ter uma relevância maior. O correto manejo associado ao ajuste na carga animal determina a persistência das pastagens e o nível de produção por animal e por hectare. Por outro lado, quando os ruminantes se alimentam mais de forragens, há uma maior produção de metano pelas bactérias do rúmen. O metano em alta quantidade pode desencadear uma série de problemas ambientais, tais como o GEE (Gases de Efeito Estufa), que prejudica a camada de ozônio e por consequência contribui para o aquecimento global. A pecuária é parte fundamental para a solução deste problema.
O metano é um gás composto por carbono e hidrogênio, é incolor e altamente inflamável e é produzido durante o processo de digestão de celulose e hemicelulose presentes nas forrageiras, que são transformados em glicose e posteriormente, por fermentação microbiana, convertido em ácido propiônico, ácido butírico e em maiores quantidades ácido acético. O ácido acético libera moléculas de hidrogênio que por sua vez é transformado em metano. Ou seja, os microrganismos do rúmen decompõem fibras vegetais, produzindo metano como subproduto. Esse metano é então liberado principalmente pela expiração dos animais
A produção de metano pelos ruminantes é uma preocupação ambiental devido ao seu impacto como gás de efeito estufa, comparativamente o metano impacta 28 vezes mais do que o CO2 (dióxido de carbono), considerando um período de 100 anos. Estratégias de mitigação, como a melhoria da eficiência alimentar dos animais, a modificação da dieta para reduzir a produção de metano se faz necessária. Quando se analisa a dieta para confinamento, há uma menor quantidade de produção de metano, pois a gordura protegida e fontes de gordura natural, muito utilizados na dieta para confinamento, com por exemplo a soja, ajudam no sequestro do hidrogênio produzido no rúmen, pois quando aumentamos o teor de extrato etéreo na dieta, temos uma menor quantidade de matéria orgânica fermentável no rúmen, consequentemente menor produção dos ácidos.
Os processos tecnológicos tiveram alguns avanços na nutrição, os aditivos se desenvolveram bastante durante os anos, principalmente nas questões relacionadas a produção de metano e a preocupação com as consequências deste gás na natureza. O uso de novos coprodutos, processamento de grãos e a modelagem para prever os resultados são exemplos disso.
Atualmente, os aditivos que mais despertam atenção das empresas são os óleos essenciais, taninos, probióticos e microalgas. Dos óleos essencial, houve um estudo da comunidade econômica europeia nomeado “Rumen-Up”, que avaliou 500 plantas e extratos de plantas quanto aos seus efeitos na fermentação “in-vitro”, ou seja, em laboratório, e identificou pelo menos 25 extratos com valor potencial de aditivo. Dentre eles, derivados de alho, tomilho, eucalipto, orégano, canela e ruibarbo. Todavia, poucos compostos demonstraram ter efeitos antimetanogênicos de longo prazo “in-vivo”.
Outro grupo de aditivos são os taninos, moléculas polifenóis complexas encontradas em muitas plantas. Existe alta variabilidade entre os tipos de tanino, tornando a resposta do tanino a dieta dos ruminantes altamente variável, dependendo da origem deste composto. Há também uma busca muito grande na área das algas marinhas, possuindo potencial para reduzir a emissão de metano em até 99% em algumas situações.
Ainda assim, melhorar o manejo e a qualidade do pasto e suplementando estrategicamente o rebanho são medidas que devem ser realizadas para reduzir a idade em cada fase, pois ainda é o processo mais efetivo para atingir os objetivos. Além da dieta ter altíssima qualidade, diminuindo a produção de metano ruminal, os animais chegarão ao peso de abate mais rápido, de forma mais eficiente.
Outra área que passou a ter maior visibilidade nos últimos tempos, são os coprodutos, mais precisamente o DDG (Grãos Secos de Destilaria) e o WDG (Grãos Úmidos de Destilaria) oriundos da produção e processamento do milho. Dois alimentos de excelente fonte de energia e proteína. Apresenta NDT superior a 90%, e proteína de baixa degradabilidade ruminal (by-pass) com 60 a 65% de PNDR. Além disso, é importante destacar que são alimentos de baixo impacto na queda no pH do rúmen em função de apresentar apenas amido residual.
Não somente a qualidade do alimento virou pauta no avanço da nutrição, como também a forma de processamento destes alimentos e de digestibilidade, principalmente do amido.
É possível, através dos recursos na tecnologia nutricional que possuímos hoje, prever o resultado antes de acontecer, sendo fundamental para saber se tem perspectiva do retorno financeiro na hora de investir em uma boa estratégia nutricional.